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Arquitetos: Diogo Aguiar Studio
- Área: 75 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Francisco Nogueira
Descrição enviada pela equipe de projeto. O pavilhão no jardim - realizado para a exposição “Incerteza Viva: uma exposição a partir da 32a Bienal de São Paulo”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto - desenvolve-se a partir da criação de dois espaços concêntricos com funções distintas: o espaço intersticial e o espaço central. A espacialidade cilíndrica enfatiza a centralidade da obra exposta, que assume uma importância crucial no desenho do espaço.
Esta é reforçada pela anulação de uma entrada principal em prol da criação de uma segunda fachada, exterior, permeável a partir de três pontos que dividem a entrada no pavilhão pela sua periferia, potenciando diferentes acessos e relações com o Jardim de Serralves.
A descoberta da estrutura museológica faz-se a partir de três momentos: o reconhecimento de um espaço habitável, um percurso de transição e o lugar de projeção. Desde o exterior, o pavilhão apresenta uma pele abstrata, uma fachada continua em toda a sua superfície curva, construída por quatro camadas de tábuas verticais de madeira. A luz natural molda-lhe o corpo, numa gradação de tonalidades que reforça a sua volumetria e revela planos em diferentes profundidades.
Atravessada pelos raios solares, a estrutura edificada projeta-se sobre ela própria, provocando sombras que deambulam pela fachada central, construindo distintos desenhos ao longo do dia. Contribuindo para o controlo da luz natural no espaço interior, a justaposição de planos curvos e paralelos que alternadamente abrem vãos, também eles curvos, encaminha o visitante a percorrer o espaço de mediação sem revelar o núcleo central desde o exterior.
A ausência de portas procura libertar a circulação dos visitantes na apropriação do pavilhão expositivo, como espaço em continuidade com o jardim em que o “dentro” ainda é “fora” e o “exterior” ainda é “arquitectura”. Cria-se um espaço imersivo, em que o visitante toma consciência do ato de entrar pela vontade em descobrir um espaço que não é imediatamente perceptível na sua aproximação ao objecto arquitectónico.
O espaço “entre”, enquanto antecâmara-percurso, induz, ao visitante, a consciência do seu corpo no espaço e conduz à sua preparação para fruição da obra exposta – o filme “Os humores artificiais” (2016) de Gabriel Abrantes – num espaço que a ela se refere materialmente.